sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Chimpanzé falante e a Banana em vosso Rabo

Uma situação hipotética:

Sr. João, milionário, tem uma filha de 6 anos com problemas cardíacos. Para se curar, ela precisa de um transplante de coração, mas não encontra um doador.

Cientistas modificaram os genes de um chimpanzé para que desenvolvesse um coração humano, a experiência foi bem sucedida; porém, foi observado que a manipulação afetou as cordas vocais do símio, que ficou com o sistema fonador idêntico ao humano. Ele falava algumas palavras, mas especialistas diziam que era apenas repetição, caso idêntico à fala dos papagaios.

Sr. João pediu na justiça o direito de sua filhar receber o coração do chimpanzé. O pedido foi aceito.

Na hora da operação, a filha de Sr. João com a pele semi-cadavérica, olhar caído e suspirando morte em uma maca maca; e o chimpanzé, gozando de boa saúde, na outra. Quando o cirurgião foi se aproximando do tórax do símio com o bisturi, o mesmo ficou com os olhos cheios de lágrima, agarrou o pulso do médico e falou "socorro".

SE VOCÊ FOSSE O MÉDICO, O QUE VOCÊ FARIA?

Cerca de 80% das pessoas vai responder que INTERROMPERIA O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO.

Já eu, não vejo motivos para interromper a operação. Iria gerar um grande debate na sociedade, e ativistas ignorantes como vocês, que defendem somente causas superficiais da mazela humana, mobilizar-se-iam em marchas, protestos e greves de fome PARA QUE O CHIMPANZÉ FALANTE FOSSE INSERIDO EM NOSSA SOCIEDADE. Oras, se ele fala, ele também pode frequentar escolar regulares, cursar direito na UFRJ e ser um grande advogado no futuro. Ou qualquer outra coisa de sucesso.

Mais uma vez vocês pecam na ignorância. O chimpanzé, por ser diferente, iria sofrer bullying na escola, não acumularia conhecimento suficiente pra ingressar numa universidade pública e estudaria em uma dessas particulares ruins. Depois de terminar o curso com muita dificuldade e uma monografia mediana, vejo nosso amigo chimpanzé batendo perna na Presidente Vargas em busca de emprego. O máximo que ele conseguiu foi a carteira assinada como motorista de elevador, ou ascensorista.

No primeiro mês o chimpanzé deixa-se desmotivar pelo salário baixo, falta de emoção e pede demissão. O símio está desempregado. O símio só queria balançar de galho em galho em alguma floresta tropical, e vocês colocaram-no na selva de prédios do mercado de trabalho.

Nosso amigo chimpanzé busca auxílio desemprego e vira pensionista do INSS. Ganha bolsa família para seus filhotes, auxílio gás e bolsa escola. A linhagem de símios falantes continua, todos fadados ao preconceito, fracasso profissional e políticas assistivas do governo.

E agora? Você ficaria feliz pagando imposto pra alimentar macaco desempregado?

Você inseriu um animal na sociedade mas não previu o futuro próximo onde, de forma figurada, o macaco estaria enfiando a banana no SEU rabo. É importante lembrar que ainda correm o risco de perder seus empregos pros símios, que serão protegidos por cotas nas universidades e grandes empresas. Não corro esse risco. Sou superior a um macaco. Talvez.

AOS SENHORES QUE INTERROMPERIAM O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO:

Vocês compartilham de uma mentalidade de massa não-pragmática. Sinceramente eu não entendo isso, são capazes de colocar a vida de um animal na frente da vida humana. Parece que todo aquele esforço renascentista do homem no centro do universo foi renegado; e não contentes em apenas defender os animais, vocês ainda praguejam contra a pessoa que os "maltrata" -torcem para o dono do matadouro ser pisoteado por uma boiada e pro toureiro ter as bolas chifradas.

Elevar os animais a um patamar de importância humano é extinguir a graça (que já não existe) de chamar o homossexual de veado e o negro de gorila. Se você coloca um bicho no mesmo nível de uma pessoa, é capaz de sentir-se lisonjeado(a) ao ser chamado(a) de -ou namorar uma- vaca, piranha ou galinha. Independentemente de como você se sente, todo defensor exacerbado dos animais é um GRANDE JUMENTO -daqueles que não mostram reação nem à base de chicotada.

Agora comerei um bom bife de um boi abatido na pistola de ar, esquartejado em peças e embalado a vácuo. Maravilhoso.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Prelúdio

Imagine um mundo onde a empresa mais rica fosse uma produtora de preservativos, onde o consumo de porra per capta fosse algo equivalente ao consumo de cerveja per capta da Bélgica, um mundo onde ao invés de dormir, acordar e trabalhar você só fizesse sexo, sexo e sexo.


-ENSAIO SOBRE A NINFOMANIA-


Rio de Janeiro, ano de 1931; está em curso a inauguração do grande objeto fálico no morro do Corcovado chamado pelos populares de Pinto do Redentor. Fogos de artifício brindam aquele anoitecer, a vista da Cidade Maravilhosa vigiada por um piru gigante feito de concreto armado. "Esplêndido!", dizia a população carioca, o Pinto do redentor estava na boca do povo, estava na cabeça do povo; todos esqueceram as mazelas, o prefeito conseguira agradar a cidade à beira de um colapso de ordem. A madrugada de festa acabou, a cerveja dos bares secou, e os motéis - mais conhecidos como "casas de socialização" - fecharam suas portas.


Nasce o sol, aquele piruzão abençoando a Guanabara! Um dia de trabalho como outro qualquer, as cafetinas ocupando seus escritórios de prestígio na Rio Branco, observando tudo e todos bem lá do topo da pirâmide social. Elas jamais desceriam de lá, pra ter status era preciso dar o suor -e outras coisas mais-, pra chegar a esse nível você precisava ser uma espécie de ourives sexual.

Nos escritórios do círculo inferior da firma estavam os ginecologistas e urologistas; que não só monitoravam a saúde das prostitutas operárias, mas também contabilizavam todo o movimento de caixa da firma. Era tudo muito bem organizado, a hierarquia da empresa funcionava perfeitamente! As regras eram rígidas, demissão por justa causa se você olhasse diretamente para o decote da cafetina; relações sexuais entre colegas de trabalho eram terminantemente proibidas. Mas que diabos era isso!? Olhar para o decote de uma mulher é tão comum como olhar para a bunda da mesma! Todos tensos no ambiente de trabalho, bem trajados, com camisas sociais brancas, suspensório e paletó. As mulheres usavam vestidos longos, era regra esconder as pernas.

Fazer sexo era tão normal e necessário quanto beber copos d'água durante o dia, você sabia que todos ali faziam muito sexo nas horas vagas. Mesmo assim, se vestiam de modo recatado e se portavam no trabalho como se nunca tivessem visto um pênis na vida. A sociedade era ninfomaníaca, mas nem por isso deixava de ser hipócrita. A cafetina-mór vislumbrava o Pinto do Redentor de sua janela no escritório mais privilegiado na Rio Branco.