quinta-feira, 1 de setembro de 2011

"Força Ricardo Gomes" e o Poserismo de Compaixão

"UH VAI MORRER! UH VAI MORRER!"
-Cântico entoado pela torcida rubro-negra no último clássico, quando o técnico do Vasco, Ricardo Gomes, sofreu um AVC e precisou ser retirado do campo por ambulância.

Desde então os Vascaínos atacam ferozmente os Flamenguistas pela manifestação de mau gosto. Ocorre nas redes sociais uma mobilização geral, sem discriminação clubística, com mensagens de "FORÇA RICARDO GOMES". Todos, independentemente da cor da camisa, querem o técnico bem. Mas será que realmente se importam com isso?

Quem já leu Freakonomics (Steven D. Levitt & Stephen J. Dubner), deve lembrar-se do exemplo dos "sites de namoro". A maioria dos homens brancos que colocam em seus perfis que não têm preferencia étnica para companheira, trocam mensagens apenas com mulheres também brancas. Ou seja, eles explicitam a indiferença étnica como uma força de marketing pessoal PARA ATRAIR MULHERES BRANCAS; algo do tipo "OLHE PARA MIM, EU NÃO SOU RACISTA". Esse comportamento de homens brancos -que dizem que se relacionariam com negras, mas só conversam com brancas- é bem parecido com o dos Flamenguistas, que mostram uma compaixão, quase que de mãe para filho, com o técnico vascaíno.

VASCAÍNOS: acredito eu, que NENHUM flamenguista no estádio estava torcendo realmente para que Ricardo Gomes morresse. Aposto que ninguém alí sabia do histórico de doenças cardíacas do técnico e da real gravidade da situação. O cântico foi uma provocação, como outra qualquer, à torcida adversária; ninguém alí estava praguejando. Cruz-maltinos, vocês não deveriam acusar os rubro-negros de "falta de humanidade".

Toda ação tem resposta. E para negar as acusações, parece que todo flamenguista em rede social resolveu postar imagens e mensagens desejando "FORÇA RICARDO GOMES". Na verdade TODOS ESTÃO CAGANDO para o quadro de saúde dele, as imagens e frases postadas são apenas para mostrar aos vascaínos que acima do futebol existe a vida de uma pessoa. Grande hipocrisia. No fundo ninguém está torcendo, acendendo vela de 7 dias, com insônia, fazendo promessa pro Ricardo Gomes melhorar. Assim como ninguém está desejando que ele morra. Todos são indiferentes por natureza. É UMA PENA QUE, NUM CONJUNTO DE VALORES, A INDIFERENÇA SEJA TRATADA COMO DEFEITO: não vi até agora ninguém escrever (exceto eu agora) que é indiferente ao quadro médico do técnico.

Infelizmente, o AVC -que deveria ser drama exclusivo da Família Gomes & Amigos- virou motivo de briguinha de torcida que se desdobrará com mais argumentos de cada lado -o que é uma tremenda perda de tempo já que essa discussão nem deveria ter começado.


sexta-feira, 26 de agosto de 2011

O Chimpanzé falante e a Banana em vosso Rabo

Uma situação hipotética:

Sr. João, milionário, tem uma filha de 6 anos com problemas cardíacos. Para se curar, ela precisa de um transplante de coração, mas não encontra um doador.

Cientistas modificaram os genes de um chimpanzé para que desenvolvesse um coração humano, a experiência foi bem sucedida; porém, foi observado que a manipulação afetou as cordas vocais do símio, que ficou com o sistema fonador idêntico ao humano. Ele falava algumas palavras, mas especialistas diziam que era apenas repetição, caso idêntico à fala dos papagaios.

Sr. João pediu na justiça o direito de sua filhar receber o coração do chimpanzé. O pedido foi aceito.

Na hora da operação, a filha de Sr. João com a pele semi-cadavérica, olhar caído e suspirando morte em uma maca maca; e o chimpanzé, gozando de boa saúde, na outra. Quando o cirurgião foi se aproximando do tórax do símio com o bisturi, o mesmo ficou com os olhos cheios de lágrima, agarrou o pulso do médico e falou "socorro".

SE VOCÊ FOSSE O MÉDICO, O QUE VOCÊ FARIA?

Cerca de 80% das pessoas vai responder que INTERROMPERIA O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO.

Já eu, não vejo motivos para interromper a operação. Iria gerar um grande debate na sociedade, e ativistas ignorantes como vocês, que defendem somente causas superficiais da mazela humana, mobilizar-se-iam em marchas, protestos e greves de fome PARA QUE O CHIMPANZÉ FALANTE FOSSE INSERIDO EM NOSSA SOCIEDADE. Oras, se ele fala, ele também pode frequentar escolar regulares, cursar direito na UFRJ e ser um grande advogado no futuro. Ou qualquer outra coisa de sucesso.

Mais uma vez vocês pecam na ignorância. O chimpanzé, por ser diferente, iria sofrer bullying na escola, não acumularia conhecimento suficiente pra ingressar numa universidade pública e estudaria em uma dessas particulares ruins. Depois de terminar o curso com muita dificuldade e uma monografia mediana, vejo nosso amigo chimpanzé batendo perna na Presidente Vargas em busca de emprego. O máximo que ele conseguiu foi a carteira assinada como motorista de elevador, ou ascensorista.

No primeiro mês o chimpanzé deixa-se desmotivar pelo salário baixo, falta de emoção e pede demissão. O símio está desempregado. O símio só queria balançar de galho em galho em alguma floresta tropical, e vocês colocaram-no na selva de prédios do mercado de trabalho.

Nosso amigo chimpanzé busca auxílio desemprego e vira pensionista do INSS. Ganha bolsa família para seus filhotes, auxílio gás e bolsa escola. A linhagem de símios falantes continua, todos fadados ao preconceito, fracasso profissional e políticas assistivas do governo.

E agora? Você ficaria feliz pagando imposto pra alimentar macaco desempregado?

Você inseriu um animal na sociedade mas não previu o futuro próximo onde, de forma figurada, o macaco estaria enfiando a banana no SEU rabo. É importante lembrar que ainda correm o risco de perder seus empregos pros símios, que serão protegidos por cotas nas universidades e grandes empresas. Não corro esse risco. Sou superior a um macaco. Talvez.

AOS SENHORES QUE INTERROMPERIAM O PROCEDIMENTO CIRÚRGICO:

Vocês compartilham de uma mentalidade de massa não-pragmática. Sinceramente eu não entendo isso, são capazes de colocar a vida de um animal na frente da vida humana. Parece que todo aquele esforço renascentista do homem no centro do universo foi renegado; e não contentes em apenas defender os animais, vocês ainda praguejam contra a pessoa que os "maltrata" -torcem para o dono do matadouro ser pisoteado por uma boiada e pro toureiro ter as bolas chifradas.

Elevar os animais a um patamar de importância humano é extinguir a graça (que já não existe) de chamar o homossexual de veado e o negro de gorila. Se você coloca um bicho no mesmo nível de uma pessoa, é capaz de sentir-se lisonjeado(a) ao ser chamado(a) de -ou namorar uma- vaca, piranha ou galinha. Independentemente de como você se sente, todo defensor exacerbado dos animais é um GRANDE JUMENTO -daqueles que não mostram reação nem à base de chicotada.

Agora comerei um bom bife de um boi abatido na pistola de ar, esquartejado em peças e embalado a vácuo. Maravilhoso.

terça-feira, 16 de agosto de 2011

Prelúdio

Imagine um mundo onde a empresa mais rica fosse uma produtora de preservativos, onde o consumo de porra per capta fosse algo equivalente ao consumo de cerveja per capta da Bélgica, um mundo onde ao invés de dormir, acordar e trabalhar você só fizesse sexo, sexo e sexo.


-ENSAIO SOBRE A NINFOMANIA-


Rio de Janeiro, ano de 1931; está em curso a inauguração do grande objeto fálico no morro do Corcovado chamado pelos populares de Pinto do Redentor. Fogos de artifício brindam aquele anoitecer, a vista da Cidade Maravilhosa vigiada por um piru gigante feito de concreto armado. "Esplêndido!", dizia a população carioca, o Pinto do redentor estava na boca do povo, estava na cabeça do povo; todos esqueceram as mazelas, o prefeito conseguira agradar a cidade à beira de um colapso de ordem. A madrugada de festa acabou, a cerveja dos bares secou, e os motéis - mais conhecidos como "casas de socialização" - fecharam suas portas.


Nasce o sol, aquele piruzão abençoando a Guanabara! Um dia de trabalho como outro qualquer, as cafetinas ocupando seus escritórios de prestígio na Rio Branco, observando tudo e todos bem lá do topo da pirâmide social. Elas jamais desceriam de lá, pra ter status era preciso dar o suor -e outras coisas mais-, pra chegar a esse nível você precisava ser uma espécie de ourives sexual.

Nos escritórios do círculo inferior da firma estavam os ginecologistas e urologistas; que não só monitoravam a saúde das prostitutas operárias, mas também contabilizavam todo o movimento de caixa da firma. Era tudo muito bem organizado, a hierarquia da empresa funcionava perfeitamente! As regras eram rígidas, demissão por justa causa se você olhasse diretamente para o decote da cafetina; relações sexuais entre colegas de trabalho eram terminantemente proibidas. Mas que diabos era isso!? Olhar para o decote de uma mulher é tão comum como olhar para a bunda da mesma! Todos tensos no ambiente de trabalho, bem trajados, com camisas sociais brancas, suspensório e paletó. As mulheres usavam vestidos longos, era regra esconder as pernas.

Fazer sexo era tão normal e necessário quanto beber copos d'água durante o dia, você sabia que todos ali faziam muito sexo nas horas vagas. Mesmo assim, se vestiam de modo recatado e se portavam no trabalho como se nunca tivessem visto um pênis na vida. A sociedade era ninfomaníaca, mas nem por isso deixava de ser hipócrita. A cafetina-mór vislumbrava o Pinto do Redentor de sua janela no escritório mais privilegiado na Rio Branco.








sexta-feira, 29 de julho de 2011

Brinquedo na caixa

Sua casa é uma caixa, seu quarto é uma caixa, qualquer disposição de 4 paredes relacionadas em 90º com cada uma é uma caixa. Seu carro é uma caixa que se move. O escritório que você trabalha é uma caixa; a madeira da sua mesa de trabalho poderia ser transformada numa caixa, mas virou peça de labor. Sua cadeira tem rodinhas, mas ao contrário das rodas aro 16 do carro-caixa, estas só ampliam sua zona de conforto. Uma ergonômica com rodas; um carro com banco de couro, ar-condicionado, aquecedor, acendedor de cigarro. Seu escritório é a auto-estrada de sua cadeira reclinável.

No trajeto computador-impressora impressora-gaveta gaveta-computador você acabou descobrindo que nem sempre o direito de ir e vir significa liberdade. Meu Deus, o que o mundo virou? A zona de conforto apenas se expandiu de uns anos pra cá. O homem virou uma porta, só se movimenta em volta de seu eixo, que por sua vez, está preso numa parede. O eixo do homem são as 4 paredes.

Sumiu a ousadia. Sumiu. APARECEU A OUSADIA. Mentira, a ousadia estava disfarçada. A alienação chegou a um certo ponto, que eu já não consigo saber se sou alienado ou não; você fica alienado dentro da alienação, como se fosse uma boneca matrioska. A boneca vai diminuindo proporcionalmente com o nível profundo de alienação no qual ela se encontra. As bonecas maiores são realmente superiores? Vale lembrar que não importa o tamanho, você também está alienado; uma boneca matrioska só tem esse status de peça russa de decoração refinada por causa das bonequinhas menores em seu interior. O sujo faz zombaria do mal lavado.

Dúvida pessoal. Inegável que o artesão que fez a matrioska tem uma posição de destaque. Suas mãos moldarão a peça como lhe for conveniente. Palavras-informações moldam as pessoas. Dúvida pessoal, a linha entre o artesão e a boneca maior; sou artesão, matrioska-mãe ou ínfima boneca? Vale lembrar que estou nesse momento dentro de uma caixa de quatro paredes e sentado numa cadeira reclinável.

segunda-feira, 28 de março de 2011

A Cegonha da Maternidade e a Síndrome do Piru Pequeno

Quem nunca foi bombardeado com informações de cunho sexual pesado quando criança que me atire a primeira pedra; evidentemente que uma pedra metafórica, até porque antes mesmo da fase masturbacional da infância nós somos brindados com termos esdrúxulos e baixos, que muitas das vezes não temos a noção física, mas fazemos uma breve ideia do sejam.



Um exemplo é a posição sexual do 69; você ouve na infância que "fulando fez um 69" e fica maquinando como seria o tal 69. Junto de amigos, você percebe toda a expressão pictórica do número 69 -"olha lá, a perninha do 9 na rodinha do 6 e vice-versa, gente que louco hihihihihihi"- e entende o 69 de uma forma mais abrangente, já que o 6 e 9 têm perninhas, o que sugere um sexo oral homossexual e simultâneo.

MAS O 69 NÃO VEM AO CASO.

Minha crítica segue aos pais despreparados - que não devem ter vivido a fase da descoberta do 69 - e, falam aos filhos, por volta dos 4 anos, que eles VIERAM DA CEGONHA.

Caros pais de primeira viagem, é possível que o filho de vocês já tenha nascido sabendo até o que é um anal giratório.

Desde o tempo do meu bizavó que a infância não é pura; prova disso é o TESTE DO EMBUTIDO: você pode mostrar a uma criança um salame ou linguiça, e perguntá-la "o que isso mais parece?". A criança tem a opção de falar que a linguiça se parece com qualquer objeto cilíndrico, mas certamente dirá "TIO, A LINGUIÇA PARECE UM PIRU".
Até a banana, que faz parte da dieta dos pequenos, é um sinônimo clássico de piroca.

Pelo amor de deus, senhores pais, PAREM DE FALAR AOS SEUS FILHOS QUE ELES VIERAM DA CEGONHA. Seus respectivos filhos não são imbecis. É qualidade humana a curiosidade e indagação.

"Meu filho, você veio da cegonha."

"PORRA PAI, CEGONHA É UM BICHO GIGANTE. CARALHO, A MAMÃE DEVE TER O MAIOR BOCETÃO."



Você criará um filho cheio de problemas, que ao olhar para o próprio pênis ficará infeliz, sentir-se-à incapaz de engravidar uma mulher, e cativará para o resto da vida a SÍNDROME DE INFIMIDADE PENIANA DA CEGONHA.



OBS.: também recomendo a moderação de conteúdo pornográfico que possa causar a síndrome de infimidade peniana do kid bengala.

Pênis é saúde pública, também entre nessa onda, APOIE VOCÊ TAMBÈM A CAMPANHA ANTI-CEGONHA E PRÓ-PERIQUITA.

Fiquem espertos seus puto

segunda-feira, 3 de janeiro de 2011

Amor nas Alturas

Escolham namoradas que morem em prédios. Na qualidade de sujeito vivido, pude comprovar que meninas que moram acima do décimo andar têm menos olheiras e muito amor para dar. São as nossas Rapunzéis pós-modernas que dormem melhor pela ausência de barulho do térreo e ficam enclausuradas no apartamento, carentes de amor.

MAS ISSO NÃO VEM AO CASO - VAMOS FALAR DE COISA BOA

Foquem seus pensamentos nos elevadores, eles são o pivô da vida sexual do jovem casal de namorados. Caros amigos, imaginem só descer 10 andares num lugar reservado com a gatinha; é como se fosse um FLASHMOB DE MOTEL. Você jovem, aproveite todos os momentos pois a vida é curta, conheça todos os andares e aperte todos os botões, fazendo combinações incríveis e jamais exploradas que podem levá-la às alturas.

PUTAQUEPARIU - VOCÊ ESTÁ SENDO FILMADO

Nem tudo é um mar de rosas, você pensou que ia se dar bem e acabou flagrado pelo olho eletrônico. NÃO SE DESESPERE. A câmera é digital mas quem a observa é humano. Um porteiro decente ganha em média dois salários mínimos (contando com as horas extras). Porteiros não têm muito instrução, e, pela lógica, tendem a ter mais de 2 filhos.

Você me pergunta: Bruno, aonde você quer chegar com isso? Eu repondo: amigo, sua ajuda financeira será super bem-vinda ao nosso companheiro trabalhador. Chame-o de "guardião do prédio" que ele ficará TODO BOBO. Depois de conseguir a confiança dele, compre sua cumplicidade. SIM, ESTOU FALANDO DE PROPINA. Pode acreditar - desmembrar a rede de informações "porteiro-pais da namorada" por 50 reais é um negócio da China. Agora o prédio é seu. Ele é o GUARDIÃO e você é o SÍNDICO DO PRAZER.

PERA LÁ! - O QUE SERÁ QUE ELA ACHA DISSO???

Sua namorada poderia muito bem levá-lo somente até a porta do apartamento, mas ela decide te acompanhar no elevador. É EVIDENTE QUE ELA ESPERA UM FEEDBACK LIBÍDICO. Curta cada andar como se fosse o último de sua vida. Faça muita coisa em pouco tempo. E se o elevador for daqueles velhos de porta pantográfica, dá pra fazer coisas que você nem imagina. Eu por exemplo já consegui até fritar bolinho de bacalhau (metaforicamente).

FICA LIGADO NISSO, SEU ADOLESCENTE.

GATA, NESSA FLORESTA DE PEDRA, NESSA SELVA DE PRÉDIO EU SOU O SEU TARZAN E VOCÊ MULHER É MINHA JANE. VENHA COMIGO PRA MINHA CASA NA ÁRVORE. VENHA APROVEITAR A MORDOMIA DO MEU LAR ME CHAMA DE ASCENSORISTA QUE EU TE LEVO ATÉ A LUA ENTRE COMIGO NO ELEVADOR DE SERVIÇO, QUE EU FAÇO UM TÃO BEM FEITO QUE JAMAIS ESQUECERÁS.

FORTE ABRAÇO. BRUNO.

(Obs.: Procure cabelos não descabelar, braguilhas não escancarar e roupas não ficar sem; sempre tem alguém que entra no elevador lá pelo quinto andar e pode acabar com o seu playground do tesão.)